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Crítica - Zona de Combate

Atualizado: 17 de jan. de 2021

Pessoas que não gostam de bolo devem ter sua moral questionada, uma vez que um bolo consiste em uma mistura de ingredientes que no final, após um tempo de cozimento, dão origem a uma coisa nova e deliciosa. O grifo é meu! Zona de Combate, mais um lançamento semanal da Netflix, é exatamente isso: Uma mistura de filmes e conceitos batidos que no final não se torna algo prazeroso de se desfrutar como um bom bolo. Podemos dizer, na verdade, que o bolo "solou".


O enredo do filme é bem básico. Mais um embate militar envolvendo os EUA e a Rússia, tema esse que tem sido levado à exaustão pós-Guerra Fria. A novidade, em termos, é a adição de um debate sobre IA (Inteligência Artificial) no exército e também como o mesmo prolonga suas próprias guerras. Nesse contexto, um piloto de drones após agir com insubordinação é designado para a área de conflito sob tutela de um misterioso capitão.

Thomas e Leo (Reprodução - Netflix)

Voltando para a metáfora do bolo, eis que começam as misturas. A dupla de protagonistas formada pelo tenente Thomas Harp (Damson Idris) e o capitão ciborgue Leo (Anthony Mackie) faz o bom e velho clichê oitentista hollywoodiano de 'Good cop/Bad cop', em que o policial mauzinho tem caráter duvidoso. Em alguns diálogos dentro do carro ficava nítida a tentativa de emular o clássico Dia de Treinamento. Mackie até se esforça em passar a aura de Denzel, mas falha uma vez que seu parceiro - e contraponto moral - não consegue elevar o grau de dramaticidade das cenas. A atuação de Idris ao longo dos dois primeiros atos é fraquíssima e pouco expressiva para alguém que deveria causar empatia no público por estar tendo um primeiro contato direto com a destruição que antes ele só via à distancia. No último ato do filme, o personagem, finalmente, tem uma evolução na sua jornada do herói, mas no final o saldo é negativo.


O diretor, o sueco Mikael Håfström, que tem bons filmes de terror na sua filmografia como 'O Ritual' se aventurou numa crítica à forma dos EUA fazer seus conflitos armados, tal como o dinheiro investido em armamentos cada vez mais tecnológicos. Mais um ingrediente do seu bolo solado é a clara inspiração em O Exterminador do Futuro na construção, motivação e plot do ciborgue americano. Mesmo que a discussão seja boa e válida, acaba se tornando rasa uma vez que o roteiro é tão acelerado e confuso que o espectador não consegue criar nenhum tipo de conexão com o capitão Leo, nem entender seu ponto de vista. Os outros robôs presentes sinceramente são um desperdício de dinheiro em CGI mal feito. Os 'Gumps' são uma tragédia. A ação em forma de luta corporal e, também, intensas trocas de tiro até conseguem, de longe, se assemelhar à Jonh Wick e O Resgate. Ao menos um ingrediente do bolo se salvou...

(Reprodução - Netflix)

Por fim, Zona de Combate é um filme que poderia ser bem melhor do que o foi apresentado. A situação-problema é interessante e a discussão sobre o assunto é válida, mas feita de uma maneira mais coesa e com um roteiro com menos furos e profundidade. Mas, há quem goste apenas pela estética, a ação, Denzel Mackie, entre outros aspectos. Até porque eu conheço muita gente que gosta de bolo solado...


Nota: 2 acarajés


Título Original: Outside the Wire

Diretor: Mikael Håfström

Elenco: Anthony Mackie, Damson Idris, Emily Beecham...





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