Todos já conhecemos a premissa da franquia Uma Noite de Crime, provavelmente já desgastada depois de quatro filmes (estreando agora o quinto) e uma série de TV que se passa no mesmo universo, mas mesmo assim sempre há uma maneira de inovar e surpreender e foi isso que Uma Noite de Crime: A Fronteira provou.
Obtemos as mesmas informações de todas as outras experiências: Durante 12 horas inteiras, o cidadãos dos Estados Unidos tem direito de cometer todos os crimes que quiserem sem sofrer nenhuma consequência. A justificativa de tal permissão do governo é que as prisões estão superlotadas e deixam nas mãos da população “fazer justiça com as próprias mãos”.
Porém, divergindo dos outros filmes, este em questão se passa depois do expurgo (as 12 horas de crime), onde os “cidadãos de bem” e “americanos reais” decidem que 12 horas não são suficientes parar “limpar” o país da maneira como eles realmente desejam e proclamam uma revolução nomeada por expurgo eterno e tendo como vítimas principais imigrantes e ricos.
A trama foca na história de Adela (Ana de la Reguera) e Juan (Tenoch Huerta), que encontram abrigo em no rancho de Caleb Tucker (Will Patton) após fugirem de um cartel no México.
O roteiro é recheado de referências ao governo Trump e a onda de violência, xenofobia e preconceito que surgiu no país. Inclusive o muro construído na fronteira entre os EUA e o México é aproveitado na história, porém dessa vez com circunstâncias completamente diferentes e irônicas.
Esse longa metragem abre espaço para discussões extremamente necessárias e profundas em um cenário totalmente distópico sobre o desrespeito americano com seus nativos, xenofobia, racismo e desigualdade social e como a sociedade privilegiada simplesmente prefere invisibilizar o que não lhe é agradável aos olhos e inclusive nos mostra que se todas essas questões não fizerem parte da educação das gerações futuras, é possível que essa distopia não esteja tão distante o quanto pensamos.
Por outro lado, é verdade que vários assuntos são tratados superficialmente, principalmente por conta do cenário agitado trazido no filme. Ainda assim é um grande serviço de conscientização e talvez abra mais canais de debates significativos.
Nota: 4 acarajés e um abará
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