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Crítica - Oppenheimer


Vendo os stories da querida Thayane Coelho (Luz e Claquete) mencionando Isabela Boscov, tive uma epifania sobre o que falar nesse texto:


Oppenheimer é uma bomba!


J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy) foi a mente por trás da execução do Projeto Manhattan, culminando numa espécie de força-tarefa onde os mais brilhantes cientistas não-nazistas e não-soviéticos sentaram e pensaram em como reproduzir explosões de nêutrons, culminando no que se chama de fissão nuclear.


Robert recebeu os louros, virou capa da Revista Time e foi considerada a mente mais brilhante do mundo por certo tempo. O filme retrata, com uma equipe de edição/montagem que trabalhou muito bem, sobre as dores e as delícias em ser tal pessoa. Entre idas e vindas no tempo, há um certo retrato de um homem que teve que carregar uma bomba no colo. Tudo isso aconteceu por ele ser o pai da bomba atômica... Ou melhor, ser uma bomba. E pelo caráter dúvidoso, em que o Nolan faz questão de passar pano e tentar transformar o cara num santo, vai ter quem diga que ele é Chernobyl inteira (não explode, mas é radioativo. Não confunda).


Dito isso, Oppenheimer é uma bomba!


Sabe aquelas bombas de São João que você acende e estoura de repente? Tecnicamente se vê, ouve e sente isso. Christopher Nolan fez muita questão de fazer essa produção no mais qualificado sistema IMAX porque queria, como diria meu mano Fuska, fazer um ASMR de bomba.


Em vários momentos, os sons (ou a falta deles) são muito bem trabalhados causando até uma espécie de jumpsound (tipo jumpscare, mas apenas com som). Com a potência do som chegando a tremer a cadeira de uns e ensurdecendo o ouvido de outros, a equipe de efeitos sonoros e o povo explodindo coisas em laboratório trabalharam muito bem para que o longa fosse um estouro de imagens e, principalmente, sons quase o tempo todo.


Quase o tempo todo... Oppenheimer é uma bomba?


A explosão de uma bomba é o ápice dela. Seja um track bebê ou uma bomba de mil, a gente só acende pra ver estourar pólvoras, tímpanos e rinites alheias. Coincidência ou não, o auge do filme é no estouro de uma... O problema é que tem mais 40 minutos depois disso aí.


No meio de imagens, sons e montagens indo e vindo, boa parte das três horas de trama foca no físico Oppenheimer e no almirante Lewis Strauss (Robert Downey Jr, que é um estouro). Um ponto e um contra-ponto visivelmente divididos, com o físico sendo protagonista do filme colorido e o almirante como personagem príncipal do que vemos em preto e branco.


Nos tais 40 minutos, você pode se perder ao tentar entender se o filme é sobre o Oppenheimer, o Projeto Manhattan, a fissão nuclear, os planos do Lewis Strauss, uma batalha de egos... Quando assisti, fiquei naquela de "A bomba explodiu. E agora?". De repente, o que é algo tecnicamente excelente e tem tudo pra varrer o Oscar nessa parte, começa a perder o sentido e fica fácil encontrar defeitos de antes, durante e depois da explosão.


Muita gente atuando bem, mas com pouca relevância na prática. Florence Pugh dá show, mas tem pouquíssimo tempo de tela e sua personagem é totalmente descartável. O elenco é massa. Nosso querido Homem de Ferro entra na corrida do Oscar. Só que, infelizmente, a equipe de roteiro - composta por uma pessoa só - trabalhou muito, mas faltou alinhamento e quem não ver o filme em IMAX não terá os mesmos impactos prometidos acima e periga dormir na sessão.


Eu preferia que Oppenheimer fosse uma bomba.


Nota: 3 acarajés

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