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Crítica - O Tigre Branco

Atualizado: 24 de jan. de 2021


(Reprodução - Netflix)

Um animal que nasce apenas uma vez a cada geração, um animal temido e respeitado. Um animal bonito e perigoso.


Essa é uma boa descrição de um Tigre Branco.


Comum, banal, conformada com a situação e nascem incontáveis por dia. Sabe que a qualquer momento pode morrer e simplesmente não reage, não tenta escapar disso.


Essa é uma boa descrição de uma galinha.


Mas, por que falar desses dois animais antes de falar sobre o filme novo da Netflix, 'O Tigre Branco'? Esses dois animais são usados como metáforas e referências durante uma boa parte do filme, que traz discussões interessantíssimas e leva o espectador a uma história que balança sempre em dois lados opostos: revoltada e conformada; satisfatória e incorreta. O filme te deixa frente a frente com questionamentos que realmente te fazem pensar sobre desigualdade, oportunidade e aceitação de uma situação ruim.


Na Índia existe o que chamam de sistema de castas onde a casta alta é servida pela casta baixa. As pessoas que nascem nas castas baixas basicamente aceitam que não tem como conquistar nada e se conformam em servir às castas altas.


Em "O Tigre Branco", acompanhamos a história da vida de Balram, um jovem de casta baixa que conseguiu sair da situação e ficar do outro lado, contada por ele mesmo.


Desde jovem, Balram se destacava pela inteligência e gosto pela leitura e isso foi reconhecido pelo seu professor que disse que ele seria um 'Tigre Branco', apenas um numa geração que teria uma vida diferente. Só que a ele foi ensinado pelo resto de sua infância que não teria outra opção senão viver a vida trabalhando e ganhando praticamente nada. Mas, Balram não queria viver apenas como uma galinha.


E é disso que o filme se trata, Balram deixando de ser uma galinha e se tornando um tigre branco.


O roteiro, adaptado de um livro de mesmo nome, ficou por conta do próprio diretor: Ramin Bahrani, que faz um excelente trabalho ao contar a história e nos levar a acompanhar a vida de Balram. O único problema é que em alguns momentos o filme parece estar repetindo a mesma mensagem, talvez de propósito, e isso acaba desconectando um pouco do filme. Mas logo o filme trata de puxar o espectador de volta para acompanhar um ótimo terceiro ato. As quebras de quarta parede são muito bem colocadas e te faz sentir que realmente o personagem está contando aquela história para você.


A atuação de Adarsh Gourav como Balram é um dos pontos mais altos do filme.

(Reprodução - Netflix)

Acompanhamos o personagem e fases completamente diferentes da vida: um ninguém de casta baixa, um motorista maltratado e um empresário de sucesso. E a cada fase dessa, a postura do ator muda por completo, te mostrando como aquele personagem mudou.


Cuidado, 'O Tigre Branco' não conta a história de um herói. E sim a história de um coitado que cansou de viver uma vida desgraçada e passou a reagir contra isso, lutando contra tudo e todos, às vezes de forma não elogiável, em busca de uma vida melhor.


'O Tigre Branco' é um filme excelente, que nos joga numa Índia às vezes suja e pobre e às vezes limpa e rica. Não fazemos idéia do que muitos que vivem nas castas baixas passam, situações inaceitáveis e revoltantes. Talvez com 10 ou 15 minutos a menos o filme teria sido ainda melhor, deixando a pessoa que assiste completamente presa ali na tela.


Enfim, eu recomendo sim que assista 'O Tigre Branco' na Netflix.


Nota: 4 acarajés

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