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Crítica - O Grande Ivan


(Reprodução: Disney+)

Baseado no romance infantil homônimo (que por sua vez é inspirado em uma história real) de K. A. Applegate, 2014, novo longa do Disney+, que foi lançado nos EUA em 2020 mas só chegou no servidor brasileiro em 2021, conta com elenco de peso na dublagem original dos animais e também excelente elenco físico para contar a história do gorila Ivan (Sam Rockwell), seus "colegas de trabalho" que também são animais e se tornam sua família e principalmente ensinar aos espectadores sobre a importância de ter um lar e se sentir pertencente a ele. Dessa maneira mesmo sendo um filme com premissa voltando ao público infantil, a mensagem sobre o respeito e a manutenção de animais em seu habitat natural toca (ou pelo menos deveria tocar) adultos que se acostumaram a corroborar com o aprisionamento desses seres para sua diversão.


No filme nós somos apresentados à visão de Ivan sobre o mundo que o rodeia, sua relação com seu dono/pai Mack interpretado pelo grande Bryan Cranston (Breaking Bad), com seu melhor amigo um cãozinho de rua no começo sem nome mas que com o tempo é batizado por Bob (Danny DeVito) e com os outros animais que fazem parte do mini circo dentro de um Shopping no subúrbio americano. Lá Ivan é a grande atração do show dos animais que outrora era lotado por crianças e suas famílias, mas com a economia volátil dos últimos anos está passando por um período difícil que faz o próprio Ivan questionar se é a sua "performance" a culpada por isso. O ponto de virada acontece quando Mack tentando salvar seu negócio compra a fofa bebê elefante Ruby (Brooklynn Prince) que no primeiro momento causa um certo desconforto em Ivan pois o tira de ser a atração principal, mas, no leito de morte da sábia elefante anciã Stella (Angelina Jolie) Ivan promete libertar Ruby para que ela não passe a vida inteira em cativeiro.


O CGI (Computação Gráfica) do filme realmente impressiona. Os animais, que no filme antropomorficamente falam como humanos mas unicamente entre si, são criados com um realismo magistral. Tanto na movimentação terrestre quanto na articulação labial a equipe faz um trabalho impecável, é o ponto mais alto do filme. O espectador em nenhum momento sente estranheza no decorrer das cenas mesmo testemunhando algo não natural.


É importante destacar também a excelente atuação de Bryan Cranston ao dar vida a um personagem simples mas ao mesmo tempo complexo. Mack ao mesmo tempo que externa amor pelos seus animais e é notavelmente um bom homem, demonstra o espirito corporativista por manter os animais enjaulados e também submeter a novata Ruby a um treino cansativo buscando a perfeição na sua performance mesmo a jovem elefante demonstrando já nítido cansaço. Cranston consegue passar de maneira notável a dualidade desse personagem, se bem que pra ele fazer um homem bom que faz coisas ruins não é novidade, convenhamos. O elenco de apoio também está muito bem, com destaque para a ainda pouco conhecida atriz mirim Ariana Greenblatt que é muito importante para a história pois é a responsável por descobrir o talento artístico de Ivan, que será responsável por libertar todos os animais no clímax do filme.



(Reprodução: Disney+)


Com um elenco estrelado na dublagem, além dos já citados o longa ainda conta com nomes como: Hellen Mirren e Chaka Khan. Já era de se esperar que seria um primor, e a direção de dublagem faz um bom trabalho com vozes que passam os sentimentos e personalidade de cada animal desde uma foca com complexo perfeccionista até um coelho que é aficionado por seu caminhãozinho de bombeiro. Excelente trabalho.


Contudo, o roteiro, assinado por Mike White (que faz uma curtíssima participação), falha uma vez que guarda pouco tempo para desenvolver enredos importantes tais como tudo o que levou o circo fechar e os animais serem libertos. Somente uma pequena manifestação foi o suficiente? Também seria interessante o espectador ver o próprio Mack chegando a conclusão que privar os animais do seu lar e liberdade é errado, o arco do personagem fecha como se a decisão foi tomada puramente pelo boicote da opinião pública e novamente por meios corporativistas. O personagem teve realmente uma evolução ou voltou ao status-quo? Na história real em que o longa é inspirado o gorila Ivan ficou preso por 27 anos, e não foi apenas com uma pintura que seus sentimentos foram interpretados. Talvez mais 20 ou 30 minutos de filme fariam bem a esses e outros desenvolvimentos de roteiro que ficaram pendentes. A direção talvez tenha ficado com medo de pecar por excesso, mas acabou pecando por falta de profundidade.


Em sumo O Grande Ivan é um bom filme, principalmente por sua temática e questionamentos. Animais não são objetos de divertimento do ser humano, são seres vivos que tem habitat e merecem respeito e liberdade. Quem sabe o tempo de confinamento por causa da pandemia da COVID-19 faça alguns pensarem sobre como liberdade é um direito de todos os seres vivos. Mesmo errando em alguns aspectos o saldo do filme é positivo e a discussão é extremamente necessária.


Nota: 4 Acarajés


Titulo Original: The One and Only Ivan

Direção: Thea Sharrock

Ano: 2020 (EUA) ; 2021 (BRA)

Elenco: Sam Rockwell, Bryan Cranston, Angelina Jolie, Danny DeVito...

Distribuição: Disney+

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