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O longa de Marcus A. Clarke conta a história da amizade entre Muhammad Ali e Malcom X durante a efervescência do desenvolvimento do movimento dos direitos civis americanos.
Falar desse filme é ligeiramente complicado porque claramente aquele que vê é embebido dum forte sentimento de angústia visto que essa é a nossa história recente. Até mais que recente, é atual, é viva.
Ao mesmo tempo que, tal qual uma história viva, recente, mas sob constantes esforços de apagamento, esse filme é um modo de inserção e apresentação à essa vigorosa era. Portanto, é fácil ser cativado pelo discurso dos personagens em vez de admirar o enredo e sua história.
Nesse sentido, o longa alterna momentos frenéticos e momentos cadenciados. Isso é positivo? Não. À certa altura do filme em que o espectador compreende a trama e espera seu desenrolar mais fluido, há uma quebra de expectativa frustrante. Na verdade, melhor recordando, tive que voltar algumas vezes para entender o porquê da separação dos amigos; à medida que a história corre você já aceita o fato, mas, pode ser que se pergunte (como foi o meu caso): em que momento exato essa ruptura aconteceu mesmo? Resta finalizar o filme e voltar para entender.
Outro aspecto frustrante é que o documentário é iniciado a partir da premissa de que você sabe quem são as figuras ali apresentadas e, também, sabe do contexto sócio-político-racial da época. Atrapalha a experiência? Não sei, exatamente, porque eu já conhecia as figuras.
Um dos aspectos positivos de Irmãos de Sangue é sua medida ideológica neutra. O foco a ser apresentado é a relação entre esses dois importantes homens que permeiam o imaginário popular. Buscar, também, pessoas contemporâneas para explicar as histórias (não uma só, mas várias) é fundamental pra construção da crítica daquele que assiste.
O filme faz valer a ideia de que a sociedade civil é meticulosamente acompanhada pelos governos - que intervêm quando a população está revoltosa, a fim de minar qualquer revolução, assim exatamente como foi. Em que medida todos nós temos a liberdade de um homem livre?
Contudo, é reforço àqueles que devem enxergar-se como pessoas bonitas e poderosas, capazes de serem qualquer coisa e estarem em qualquer lugar. É um apropriado lembrete de que nossa luta é antiga e que está longe de acabar.
Em resumo, Irmãos de Sangue é um bom programa para uma noite chuvosa em que se quer obter conhecimento sem deixar de ter entretenimento. É um filme que faz refletir.
Nota: 3 acarajés.
Ficha Técnica:
Nome: Irmãos de Sangue: Malcolm X & Muhammad Ali (Blood Brothers: Malcolm X & Muhammad Ali)
Gênero: Documentário
Ano: 2021
Duração: 1h36min
Direção: Marcus A. Clarke
Produção: Kenya Barris, Jason Perez
Distribuição: Netflix
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