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Crítica - Fúria Primitiva

Dev Patel: o homem que atua, roteiriza, produz, dirige e ainda dá mortal



“Monkey Man”, lançado no Brasil como “Fúria Primitiva”, é dirigido e protagonizado por Dev Patel e produzido pela Bron Studios, com a participação de Jordan Peele na produção. O filme conta a história de um jovem indiano que noite após noite, ganha sua vida em um clube de luta em que não há regras para vencer. Ao encontrar uma oportunidade de se infiltrar na elite da cidade, o jovem ressurge seus traumas da infância e inicia uma luta para vingar sua mãe, assassinada por autoridades corruptas que continuam a vitimar sistematicamente os mais pobres.


O roteiro, também escrito por Patel, é inspirado na lenda hindu de Hanuman, o deus meio macaco conhecido por sua força imensa, devoção imensurável e a habilidade de fazer o impossível se tornar possível. Hanuman é uma figura central no épico "Ramayana", onde auxilia o príncipe Rama em sua jornada para resgatar sua esposa Sita do demônio Ravana (que se assemelha muito ao nome do seu arqui-inimigo, Rana, interpretado por Sikandar Kher).


Este épico é inserido no filme para explorar a relação do protagonista com a personagem interpretada por Sobhita Dhulipala, uma figura enigmática do submundo em que ele se envolve. O filme tem referências claras ao universo de "John Wick", com cenas de ação intensas em um submundo criminal repleto de camadas, mantendo o espectador envolvido com a atmosfera de suspense e mistério. Aqui, faço uma grande elogio a aplicação da violência, clássica do gênero, bastante sangrenta e executada de forma excelente.


A narrativa do filme, com uma linearidade e ritmo excelentemente colocados, aborda questões profundas da sociedade indiana que, honestamente, nunca vi serem exploradas no dito ocidente ou por filmes indianos que tenham alcançado esse circuito, incluindo “Quem Quer Ser Um Milionário?” (2008), também protagonizado por Patel. Um curiosidade aqui é que, apesar de ser uma pessoa marrom, Dev Patel é britânico, com pais do Quênia, que são descendentes de indianos; ou seja, ele também possui raízes africanas (já pensou se vem um filme sobre a colonização do Quênia por aí?).


Para uma estreia, Dev Patel não poderia ter escolhido melhor. Me surpreende o fato de que ele é inteiramente responsável pela execução do filme. É como se ele soubesse que tinha a ideia perfeita e precisava, de qualquer forma, executar. Obviamente, existem alguns elementos notórios de um diretor iniciante, como a utilização de elementos de diversos gêneros, por poucas vezes gerando incômodo na narrativa. Isso, de forma alguma, atrapalha a experiência ou diminui a qualidade do longa.


Vale, com toda certeza, acompanhar essa saga de violência no cinema. Fico cada vez mais impressionada com as excelentes escolhas de carreira do Dev Patel e tenho certeza que veremos muito mais filmes dirigidos por ele.


Nota: 4 acarajés

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