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Crítica - Batem À Porta


Na faculdade de jornalismo, ensinam a gente que devemos evitar repetir palavras em curtos espaços de texto. Gostaria de pedir perdão desde já porque irei usar a palavra acreditar, e algumas de suas conjugações verbais, com certa demasia. Crer, botar fé e outros termos que caberiam aqui, mas eu não acredito que funcionaria bem ao falar sobre a ideia principal do filme: acreditar.


Batem À Porta conta a história de uma galera que acredita num iminente apocalipse e tem motivos para acreditar nisso. O problema é acreditar que a solução pra isso envolve algumas decisões drásticas, digamos assim, e uma família acaba sendo envolvida nessa situação por precisar acreditar que a solução para evitar o fim do mundo está ali.


Durante o passar dos 70 minutos de filme, toda a narrativa é construida sobre se a gente deve acreditar nisso tudo aí ou não, passando muito pela percepção de cada personagem em diversas esferas. Do mais cético que não acredita, ao que cresceu numa vida ligada a fé e custa a acreditar, ou até uma garotinha esperta que não quer acreditar nisso por conta dos traumas que essa situação toda lhe traz. No outro lado da jogada, quatro pessoas que acreditam cegamente nisso tudo. De formas diferentes, mas acreditam. Sete perspectivas diferentes, umas mais trabalhadas do que outras tendo flashbacks mostrando a relação existente entre alguns deles e o porquê de cada um acreditar no que quer em determinado momento. De todo modo, a direção e o roteiro fazem com que você acredite na tensão proposta e você vai junto.


Aqui vai o maior supertrunfo do M. Night Shyamalan: Direção e Roteiro. Você vai ler esse e alguns outros textos, verá geral elogiando e vai pro cinema acreditando que está prestes a ver um filmaço. É verdade que o diretor fez sua fama graças a seus plot twists (para o bem ou para o mal), entretanto nesse filme vemos alguém que está começando a acreditar que a fórmula para um grande filme não precisa ser a mesma (lição aprendida desde Fragmentado). Os principais acertos estão em todo o desenvolvimento da narrativa, incluindo algumas percepções sobre cada personagem e o que podem significar, não apenas no plot twist de explodir cabeças. Você acredita na tensão, seja no fim do mundo acabando ou porque alguém tá acreditando nessa conversinha e sendo feito de besta. Somando a isso, vemos êxito em criar uma ótima atmosfera de tensão inerente do gênero de terror psicológico. Há uma ideia bem executada de te dar três opções: acreditar no apocalipse, não acreditar em nada do que tá rolando ao redor ou apertar o botão, torcer pela briga e fazer o bolão de quem morre primeiro (inclusive acertei).


Muita gente acredita no potencial do Shyamalan. O cineasta conquistou o público com O Sexto Sentido, mas teve gente que desacreditou dele de vez depois de Fim dos Tempos. O cinéfilo médio (que consome muito cinema e gosta de filme de herói, sem medo de ser feliz) reconhece que o Shyamalanverso é uma mostra de que ainda existe aquele M. Night Shymalan malandro, irreverente, toco y me voy. A verdade é que muita gente assistiria esse filme sem acreditar que foi ele quem fez. Acredite em mim que ele acertou muito agora.


Nota: 4 acarajés e um abará

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