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Crítica – Raya e o Último Dragão

Foi-se o tempo em que animações simplesmente serviriam para divertir o público sem uma intenção maior de nos fazer pensar e até mesmo sentir algo. Nessa linha de raciocínio, Raya e o Último Dragão (2021) é um longa que pode te levar ao limite das lágrimas e ainda assim te ensinar uma lição ao mesmo tempo.


Criando um universo onde dragões e humanos convivem em harmonia e são seres venerados, se sacrificando para salvar o mundo quando os temidos Drunn ameaçam a vida de todos, o longa nos faz questionar valores morais básicos que aprendemos muito cedo na infância, sendo a confiança no outro e na própria capacidade de se tornar vulnerável os principais pilares que guiam o roteiro escrito por Adele Lim (Podres de Ricos) e Qui Nguyen (Soul Samurai).


Uma das características mais gostosas do filme é a óbvia participação de artistas orientais tanto na dublagem quanto no roteiro, nos fazendo compreender e valorizar as referências feitas as culturas asiáticas até mesmo na alimentação dos personagens, reverenciando ainda mais a ancestralidade e as qualidades que nos remetem à uma parte do mundo que vem ganhando cada vez mais espaço nas telonas (e de forma responsável, muito obrigada). Além de que é interessantíssimo ver as apostas em figuras femininas fortes e donas de si, onde o foco não é, em momento algum, um par romântico, e sim algo muito maior que elas mesmas, unindo à isso seu próprio descobrimento como pessoas.

Raya é uma protagonista espetacular, porém, é com Sisu que sua personagem parece aflorar de maneira ainda mais bonita e potente, fazendo ambas explorarem perspectivas que ainda não tiveram contato. E por mais que Sisu não aceite tomar a humanidade como egoísta da forma que Raya faz, devido suas próprias experiências, ela ainda entende não se trata de um embate, mas sim de mostrar outros caminhos e esperar que eles sejam compreendidos pela companheira.


Os demais personagens são tão apaixonantes quanto, apesar de explorados na medida do possível, porém o que fica é a mensagem subliminar em cada uma das suas representações: apesar dos estereótipos de cada um, todos se provam ser muito maiores do que duas frases onde supõem-se quem são.


Com nomes como Gemma Chan (Podres de Ricos), Kelly Marie Tran (Star Wars: Os Últimos Jedi), Awkwafina (A Despedida) no elenco de dubladores, é como respirar ares novos, afinal, é menos do mesmo que estamos acostumados à ver e também à ouvir.

Raya e o Último Dragão é um filme extremamente certeiro em seus debates, ainda mais considerando o atual momento histórico em que vivemos, onde nos afundamos cada vez mais em cenários pouco otimistas, como se nos tornássemos feitos de pedra por dentro para suportar o que vem de fora.


Nota: 3 acarajés e um abará.


Ficha Técnica:

Título Original: Raya and The Last Dragon

Duração: 107 minutos

Elenco: Kelly Marie Tran, Awkwafina, Izaac Wang, Gemma Chan, Daniel Dae Kim, Benedict Wong, Jona Xiao, Sandra Oh, Thalia Tran, Lucille Soong.

Ano produção: 2021

Estreia: 5 de março de 2021

Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures

Dirigido por: Don Hall, Carlos Lopez Estrada, Paul Briggs

Classificação: 10 anos

Gênero: Animação, Aventura, Fantasia

Países de Origem: EUA



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